sábado, 23 de junho de 2012

A cigarra e a formiga, de Vaz Nunes

A terceira versão lida pelos alunos foi escrita pelo escritor Vaz Nunes, autor de nosso século XXI:

A cigarra e a formiga (Vaz Nunes)
     Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra que eram muito amigas.
     Durante todo o Outono, a formiguinha trabalhou sem parar, a fim de armazenar comida para o período de Inverno. Não aproveitou nada do Sol, da brisa suave do fim da tarde, nem da conversa com as amigas. Só vivia para o trabalho!
    Enquanto isso, a cigarra não desperdiçou um minuto sequer: cantou durante todo o Outono, dançou, aproveitou os tempos livres, sem se preocupar muito com o Inverno que estava a chegar.
    Então, passados alguns dias, começou a arrefecer. Era o Inverno que estava a bater à porta.
    A formiguinha, exausta, entrou na sua singela e aconchegante toca, repleta de comida. Entretanto, alguém chamava pelo seu nome do lado de fora da toca e, quando abriu a porta, ficou surpresa: era a sua amiga cigarra, vestida com um maravilhoso casaco de lã e com uma mala e uma guitarra nas mãos.
   - Olá, amiga! - cumprimentou a cigarra. - Vou passar o Inverno em Paris. Será que você
podia cuidar da minha toca?
  - Claro! Mas o que aconteceu para você ir para Paris?
   A cigarra respondeu-lhe:
  - Imagine você que, na semana passada, eu estava a cantar num restaurante e um produtor gostou tanto da minha voz que fechei um contrato de seis meses para fazer espetáculos em Paris. A propósito, amiga, deseja algo de lá?
   A formiguinha respondeu:
   - Desejo, sim: se você encontrar por lá um tal de La Fontaine, o que escreveu a nossa
história, mande-o esfregar-se em urtigas...

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